sexta-feira, 31 de março de 2017

O que ninguém notou no Ibope: Dilma bate Temer de goleada.
Por Paulo Nogueira



Segundo a pesquisa, 41% dos ouvidos consideram Temer pior que Dilma. Apenas 18% acham o inverso. (Para os demais, são equivalentes.) Isso está escondido neste artigo do Estadão.

Dilma foi chacinada em seu segundo e breve governo. A mídia e o PSDB se uniram para sabotá-la de todas as maneiras. Ao lado dela, Temer a traía. E Cunha conduzia o processo de impeachment com suas conhecidas táticas criminosas.

Todo este enredo sórdido para dar numa calamidade política e econômica — e num presidente cuja popularidade se aproxima do zero.

São duas pesquisas que mostram as mesmas coisas esta semana: esta da CNI-Ibope e, ontem, a da Ipsus.

E Dilma melhor que Temer no julgamento da sociedade.

Que mais será preciso para abreviar a caótica jornada de Temer e convocar diretas?




"Se nesse País tivesse uma Justiça séria, o Sérgio Moro nem seria juiz mais", disse Zé Geraldo

Novo ministro do TSE, Admar Gonzaga, já trabalhou em campanha de Temer e é recomendado por Gilmar


No ápice de um processo eleitoral que pode encurtar o mandato na Presidência da República, Michel Temer nomeia nesta quinta-feira (30) seu escolhido para ser ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O novo integrante da Justiça Eleitoral, Admar Gonzaga, é conhecido como o “advogado ligado a partidos de direita”, por ter atuado na refundação do PFL como DEM, nas fusões que originaram o PP e, apesar de experiência como ministro substituto no TSE, admitiu que nunca foi nomeado antes pela fama com as siglas.

Os autores das indicações eram Gilmar Mendes – ainda que ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do TSE, é um dos principais conselheiros de Michel Temer – e de Marco Aurélio Melo.

“Já tinha entrado em listas [de indicação], era um recordista, acho que apareci em umas 14. Mas falavam que eu era muito carimbado pela atuação com partidos de direita”, assumiu o nomeado.

Apesar de uma escolha que conta com apoio unânime de favoráveis ao governo Temer, incluindo o próprio ministro Gilmar e a sua base parlamentar, Admar Gonzaga nega ter vínculo com o mandatário.

“Apertei a mão dele [Temer] a primeira e única vez na posse do ministro da Transparência, Torquato Jardim, e ficamos conversado em uma roda”, disse o novo ministro do TSE à reportagem da Folha de S. Paulo.

Seu nome foi assinado por Temer nesta quinta-feira (30). A tentativa do presidente era evitar que a escolha ocorresse durante o julgamento do processo de cassação da chapa presidencial de 2014, que pode levar ao encurtamento de seu mandato.

Temer coincidiu os apoios favoráveis com o fato de Gonzaga ser o primeiro da lista tríplice enviada em fevereiro pelo Supremo Tribunal Federal ao Planalto. Além de Gonzaga, foram recomendados Tarcisio Vieira Neto e Sérgio Banhos.

Gonzaga tem mais de 20 anos de atuação no direito eleitoral, e já trabalhou diretamente na equipe jurídica da campanha de Temer e Dilma em 2010.

Agora, apesar de a análise da cassação da chapa ter início na próxima terça-feira (04), enquanto o atual ministro do TSE, Henrique Neves, ainda atuar na Corte, Gonzaga deve participar de parte do julgamento.




Correios aproxima você de quem você mais ama

quinta-feira, 30 de março de 2017

A mensagem mais importante da nova pesquisa da praça


Já disse algumas vezes, e sou obrigado a dizer mais uma: se eu fosse um barão da mídia, marcaria uma reunião com meus pares para ver o que está errado na caça a Lula.

Quanto mais a mídia bate, mais Lula cresce.

É o que mostra a mais recente pesquisa da praça, a Ipsos, divulgada hoje.

Entre os políticos, constatou a Ipsos, Lula é o personagem mais aprovado (38%) e menos rejeitado (59%). Desde fevereiro, ele ganhou sete pontos positivos — sob pedradas contínuas.

O que parece claro é que, quanto mais se agrava a crise política e econômica brasileira, mais Lula surge como uma esperança de reencontro com tempos bem melhores.

Contra isso, não há nada que a imprensa possa fazer. Os números altos de Lula são uma tragédia para a mídia. Não apenas porque as empresas jornalísticas o abominam, mas sobretudo por mostrarem a perda de influência de jornais, revistas etc.

A pesquisa sugere também que o golpe está cobrando um preço alto dos golpistas.

É particularmente interessante observar o desempenho dos líderes do PSDB. Aécio tem 74% de reprovação e 11% de aprovação. Alckmin, 67% e 16%. Serra, 70% e 20%.

O mentor intelectual do golpe, FHC, não aparece mais bonito na foto: 67% o reprovam contra 23% que o aprovam.

Também a situação de Doria, visto hoje como o plano B dos tucanos, não é exatamente entusiasmadora.

Hoje, ele é reprovado quase que pelo triplo das pessoas que o apoiam: 45% negativos contra 16% positivos.

Mas o fato maior do levantamento é mesmo Lula. Sua posição mostra não apenas sua força extraordinariamente resistente — mas também o bem-vindo enfraquecimento da mídia como influenciadora e manipuladora da sociedade.




quarta-feira, 29 de março de 2017

Aécio levou a Vale


Enquanto o PMDB mineiro luta pela matéria-prima do suposto Ministério do Saneamento, Aécio Neves levou a Vale do Rio Doce.

A constatação é do insuspeito Lauro Jardim, em O Globo.

Oficialmente, o novo presidente da Vale, Fábio Schvartsman, foi escolhido por meio de um processo conduzido pela Spencer Stuart, contratada pelos acionistas da empresa para encontrar o comandante ideal para suceder Murilo Ferreira.

Na vida real, não foi bem assim. Passou intensamente pela política. Embora, no final das contas, o nome escolhido tenha agradado em cheio ao mercado.

A escolha foi feita numa triangulação da qual participaram os acionistas principais (Bradesco à frente), Michel Temer e Aécio Neves.

De acordo com um acionista que participou ativamente do processo, há cerca de três meses, quando o governo definiu que o contrato de Murilo Ferreira não deveria ser renovado, Temer teve uma conversa com Aécio Neves.

Ali, ficou acordado que Aécio procuraria um nome de mercado, um executivo de peso com atuação relevante numa grande empresa.

Durante todo o tempo, Aécio conversava também com Paulo Rogério Caffarelli, presidente do Banco do Brasil, e Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco. Os três afinavam os nomes.

Depois de consultas que duraram semanas, nas quais ouviu como conselheiros nomes como Arminio Fraga, Aécio chegou ao nome de Fabio Schvartsman, o bem reputado presidente da Klabin.

As conversas, ao longo deste tempo, claro, devem ter versado sobre cuidados ambientais, perspetivas do mercado de commodities minerais, apoio às comunidades próximas às áreas de mineração.


Em momento algum devem ter sido discutidos apoios eleitorais, dinheiro para a campanha, caixa 1, caixa 2, caixa três.

Aécio, o mais citado nas delações da Odebrecht, é um amor de pessoa.







Tribunal de Contas do Rio na cadeia. Se a moda pega….


Praticamente todo o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro foi em cana, hoje de manhã.

Quem conhece tribunais de contas – lembra que endeusavam o TCU e suas “pedaladas” para cassar Dilma? – sabe que não seria nada de mais se isso se repetisse por toda parte.

O presidente da Assembléia, Jorge Picciani, levado por uma destas “conduções coercitivas” que são uma prisão temporária (mal) disfarçadas.

O Tribunal de Justiça não recebeu de Pezão para pagar juízes e servidores.

Os promotores foram pedir o seu, que não veio, aos juízes que ficaram sem.

Quanto falta para a polícia ficar sem, também, e “espiritosantozar” o Rio?

A Câmara vota hoje o projeto que submete os Estados à chantagem da União, que quiserem socorro.

Estamos em plena normalidade.

Sabe porque não tem intervenção federal no caótico Rio?

Leia o primeiro parágrafo do Art. 60 da Constituição Federal:

§ 1º – A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio

Com intervenção, babaus reforma da Previdência.




TVs pagas em Brasília e São Paulo não terão programação de 3 emissoras abertas


A partir de hoje (29), a programação das emissoras SBT, Record e Rede TV! não deverá mais ser transmitida pelas operadoras de TV por assinatura em São Paulo e Brasília. Isso porque emissoras e operadoras não chegaram a um acordo sobre o valor a ser pago para a disponibilização dos canais aos clientes.

Por enquanto, a transmissão das três emissoras só pode ser interrompida onde o sinal analógico já foi desligado. A lei que regulamenta o serviço de TV paga no Brasil determina que as operadoras devem oferecer os canais abertos, mas a obrigatoriedade acaba com a digitalização dos canais.

Com o desligamento do sinal analógico, a distribuição dos canais digitais abertos pelas operadoras de TV por assinatura passou a depender de autorização de cada emissora. Portanto, se não houver acordo, outras cidades podem ser afetadas, à medida que o desligamento analógico for feito.

Embate

De um lado, as emissoras reclamam que não são remuneradas de maneira justa pelo conteúdo. Os três canais, que formaram a empresas Simba Content, alegam que o seu conteúdo nunca foi remunerado pelas operadoras de TV a cabo e querem que seja utilizado o mesmo método que vem sendo praticado com outras emissoras internacionais e algumas nacionais.

“Como as operadoras não conseguem chegar a uma proposta que remunere de maneira justa as emissoras, os assinantes podem perder grande parte do conteúdo que faz mais sucesso na TV paga. A Record TV, o SBT e a Rede TV! respondem por boa parte da audiência da TV aberta e fechada. A falta de diálogo das operadoras foi preponderante para que a Simba Content respondesse com essa ação”, diz um comunicado conjunto das emissoras.

As operadoras de TV paga, no entanto, discordam da cobrança. A Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA) informou que a decisão de não permitir a transmissão dos sinais digitais das três emissoras na TV paga em Brasília e São Paulo foi uma iniciativa da Simba, por meio de notificação encaminhada às operadoras. Segundo a entidade, para que esses canais continuem sendo distribuídos na TV por assinatura nessas cidades, é necessário que as partes firmem um acordo, conforme prevê a legislação do setor.

“As operadoras de TV por assinatura sempre estiveram e continuam abertas ao diálogo. No entanto, consultadas pela ABTA, a maior parte delas informa que sequer recebeu uma proposta comercial da Simba até esta data”, diz a entidade, que representa os principais grupos de TV paga do país.

Emissoras

As três emissoras têm divulgado vídeos durante a programação, com seus principais artistas explicando a situação para os telespectadores. Nas redes sociais, as emissoras também têm se manifestado sobre a questão.

Em sua conta no Facebook, o SBT diz que as operadoras de TV pagam para grandes canais estrangeiros e para outras emissoras nacionais, mas ainda não chegaram a um acordo com as três emissoras. “E quanto recebemos pela exibição dos nossos canais? Nada! Absolutamente nada! Queremos somente os mesmos direitos dos outros canais que estão dentro do seu pacote”, diz o SBT.

“Queremos continuar levando conteúdo de qualidade para os nossos telespectadores, entretanto as operadoras não querem utilizar o mesmo método pela exibição de seu sinal, que vem sendo praticado com outras emissoras abertas”, diz a Record no Facebook. Na página da RedeTV, um vídeo gravado pelo apresentador Marcelo Carvalho mostra a posição da emissora. “Nós buscamos receber das operadoras um valor justo por nossa programação, exatamente como os outros canais, nacionais e internacionais, já recebem”, diz. Segundo ele, as operadoras se recusam a pagar o minimamente justo pela programação das três emissoras.

Operadoras

Em Brasília, o sinal das emissoras já foi desligado na segunda-feira (27). Em comunicado divulgado em sua programação, a NET explica que deixou de transmitir os sinais digitais desses canais para atender a uma solicitação das próprias emissoras. A operadora diz que já tem acordo para a distribuição de outros canais abertos, mas que até o momento, a Record, a Rede TV! e o SBT não autorizaram a NET e a Claro TV a manter a distribuição dos seus canais.

“É importante esclarecer que esses canais sempre foram distribuídos gratuitamente. A NET segue negociando para que você volte a receber o sinal aberto na sua TV por Assinatura como sempre recebeu, sem ter que pagar a mais por ele”, diz a operadora, que também representa a Claro TV.

A Sky diz que discorda da cobrança e critica as três emissoras por querer cobrar pela transmissão do conteúdo. “Apesar de ter uma concessão gratuita, a Record, o SBT e a Rede TV! desejam cobrar dos clientes pelo mesmo conteúdo de programação. Essa foi uma decisão unilateral da Simba, empresa que reúne as emissoras em questão. A SKY discorda da cobrança e segue aberta às negociações, tendo como objetivo sempre preservar os direitos e interesses de seus assinantes”

A Vivo diz que não vai se manifestar sobre o assunto, e a Oi não divulgou sua posição.

Consumidor

A coordenadora da Proteste Associação de Consumidores, Maria Inês Dolci, afirma que os clientes não podem ser prejudicados por esse embate entre as emissoras e as TVs. “Eles vão acabar tendo menos canais, isso é bastante prejudicial”. Ela orienta os consumidores que se sentirem lesados pela retirada dos canais do pacote a pedir um ressarcimento às operadoras e a procurar os órgãos de defesa do consumidor.

Segundo Maria Inês, os clientes que quiserem rescindir o contrato com as operadoras de TV por assinatura não devem pagar multa, se estiverem no prazo de fidelização. Também devem ser ressarcidos se pagaram antecipadamente pelo serviço. “As operadoras de TV são responsáveis por garantir o contrato entre elas e o consumidor”, explica, lembrando que os clientes devem ser informados de forma clara sobre a mudança.

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) avalia que as operadoras de TV por assinatura não têm a obrigação de continuar transmitindo os canais abertos, por serem cortesia. “O consumidor que quiser ter acesso a eles precisará ter um televisor preparado para receber o sinal digital por conta própria (sem o sinal da TV por assinatura)”, orienta o Idec.

O número de assinantes de TV por assinatura vem caindo há dois anos. Em 2015, o setor perdeu 3,1% de sua base de clientes e no ano passado a queda foi de 1,91%. Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), em fevereiro o país tinha 18,6 milhões de clientes de TV paga.




terça-feira, 28 de março de 2017

Rumo à greve geral, movimentos vão às ruas de SP dia 31


A construção de uma greve geral nacional tem sido o tema de unidade entre os movimentos social e sindical que compõem as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo diante das medidas tomadas pelo governo ilegítimo de Michel Temer (PMDB).

Soma-se a isso o apoio de uma maioria de parlamentares na Câmara e no Senado que defende a aprovação de projetos que retiram direitos da classe trabalhadora. É por isso que no dia 31 de março ocorrerão atos em todo Brasil contra a terceirização e o desmonte da Previdência e pelo Fora Temer. Em São Paulo, a atividade será no Masp, na Avenida Paulista, a partir das 16h.

As ações serão intensificadas neste próximo período, afirma o presidente da CUT São Paulo, Douglas Izzo, lembrando que, no último dia 15, em todo estado de SP, 360 mil foram às ruas contra a reforma da Previdência, e 1 milhão nos atos pelo Brasil.

“O 31 será mais uma importante data de luta. É uma forma de mandar o recado a este governo golpista que aprova a toque de caixa, sem qualquer debate, a terceirização que rebaixa os nossos direitos. Não aceitaremos esta reforma trabalhista e, tampouco, mudanças na Previdência que venham a piorar a vida do povo brasileiro. Por isso, seguiremos mobilizados para promover ampla greve geral em abril”, diz.





31 de março: Mobilização vai preparar o país para a greve geral em abril



Contra a retirada de direitos da classe trabalhadora, a CUT e demais centrais sindicais anunciaram um conjunto de ações para o próximo dia 31 de março. O “Dia Nacional de Mobilização” servirá para organizar a classe trabalhadora para a greve geral, que deve ocorrer em abril.

“Estaremos na rua contra a reforma da Previdência, a Reforma Trabalhistas e contra esse absurdo da aprovação da terceirização. Por tudo isso, todo a classe trabalhadora tem motivo para ir às ruas no dia 31 de março. Na semana que vem, as centrais irão se reunir e anunciar uma data, ainda em abril, para a greve geral. O dia 31 de março vai ser uma etapa dessa construção”, afirma Sérgio Nobre, secretário geral da CUT.

As mobilizações do dia 31, assim como ocorreu nos dias 8 e 15 de março, Dia Internacional das Mulheres e Dia Nacional de Paralisação, respectivamente, deverá tomar as ruas de todo o país. Paralisações de categorias, manifestações, trancamento de avenidas e rodovias são algumas das ações previstas.

“Nós queremos fazer dessa data, um dia de conscientização da sociedade brasileira sobre a importância de uma greve geral”, afirmou Nobre, que criticou a postura do governo atual, comandado por Michel Temer, que ascendeu ao poder após um golpe parlamentar.

“Nós temos um governo sem legitimidade, que não foi eleito pelo povo. Portanto, seu programa não representa a vontade da maioria. A CUT não se nega a negociar, mas pra sentar na mesa com a CUT tem que legitimidade e credibilidade e esse governo não tem. A única coisa que reverte a tragédia que está em curso no Brasil é promover uma grande greve geral”, alerta o secretário geral da Central.




Polícia Federal reconhece que gravou condução de Lula sem autorização de Moro

Jornal GGN - O delegado da Polícia Federal Igor Romário de Paula reconheceu, na segunda (27), que um oficial gravou ilegamente as imagens da condução coercitiva do ex-presidente Lula, realizada em 4 de março de 2016. Na ocasião, o juiz Sergio Moro havia determinado expressamente que seria proibido qualquer registro do ex-presidente. A PF, contudo, não só gravou como reproduziu as imagens para atores globais na sede da PF e ainda entregou uma cópia à revista Veja.

Na semana passada, diante da notícia de que as imagens existem e foram repassadas à imprensa, a defesa de Lula entrou com um requerimento solicitando a Moro que impedisse, de ofício, a divulgação do material. Moro, contudo, foi irônico e duvidou da notícia. Disse que se alguém tivesse gravado, as imagens já teriam vindo a público há muito tempo. E que se for o caso, nada pode fazer porque não compete a ele "impor censura" aos meios de comunicação.

Nesta segunda, a defesa de Lula voltou a peticionar"para que os envolvidos se abstenham de qualquer divulgação das imagens gravadas, preservando o sigilo do material. Reitera igualmente que seja apurada a prática de eventuais crimes decorrentes da violação de deveres funcionais pelos agentes públicos, que tinham o dever de preservar o sigilo do material e eventual participação de pessoas relacionadas ao filme, cujos investidores são mantidos em sigilo."

Igor Romário de Paula é o mesmo delegado que surgiu na imprensa dizendo que o "timing para prender Lula" poderia surgir em 30 ou 60 dias, dependendo da conclusão do inquérito do sítio de Atibaia. Ele é processado pelo ex-presidente.


Abaixo, a nota completa da defesa.

Na última sexta-feira, apresentamos ao Juízo da 13ª. Vara Federal de Curitiba, na condição de advogados do ex-Presidente Luiz Inacio Lula da Silva, sólidos indícios da ocorrência de atos ilícitos em virtude da gravação da sua condução coercitiva no dia 04/03/2016 e, ainda, da disponibilização dessas gravações a terceiros, estranhos às investigações. O delegado federal Igor Romário de Paula reconheceu, nesta data (27/03), ter havido gravações durante a execução da condução coercitiva de Lula, mas nega que tais imagens tenham sido cedidas a terceiros.

A existência das gravações, reconhecidas pela Polícia Federal, já é o suficiente, em princípio, para evidenciar que a decisão do Juízo foi desconsiderada, levando em conta a determinação de não haver gravação "em qualquer hipótese".

Nossa manifestação também demonstra que houve ampla confissão (ainda que eventualmente involuntária) por parte de pessoas estranhas às investigações que tiveram acesso às gravações realizadas pela PF. Registrou-se que o jornalista Ulisses Campbell publicou o seguinte:

“VEJA teve acesso à íntegra da gravação, efetuada por meio de uma câmera digital acoplada ao uniforme de um agente da PF que participou da ação”(edição 8/2/2017). Na mesma linha foram os registros de Gustavo Foster (Zero Hora), Marcelo Antunez (diretor do filme “A lei é para todos”), Tomislav Blazic (produtor do filme), Ary Fontoura (ator escalado para o filme) a diversas publicações.

Perguntado pela revista Veja o que tinha ido fazer na Polícia Federal de Curitiba o ator Ary Fontoura declarou: “Vim sentir o clima da Lava-Jato e assistir às gravações que a PF fez da condução coercitiva do Lula".

A petição atual reitera os pedidos formulados anteriormente, para que os envolvidos se abstenham de qualquer divulgação das imagens
gravadas, preservando o sigilo do material. Reitera igualmente que seja apurada a prática de eventuais crimes decorrentes da violação de deveres funcionais pelos agentes públicos, que tinham o dever de preservar o sigilo do material e eventual participação de pessoas relacionadas ao filme, cujos investidores são mantidos em sigilo.

Cristiano Zanin Martins e Valeska Teixeira Zanin Martins




segunda-feira, 27 de março de 2017

Por motivos opostos, Temer e Sociedade lutam contra o relógio


Por Wellington Calasans, Colunista do Cafezinho, na Suécia

Enquanto o governo, visto até por ele mesmo como ilegítimo, acelera a agenda reprovada seguidas vezes nas urnas, o povo dá sinais cada vez mais fortes de repúdio ao desmonte do estado social. O tempo é cruel contra o Brasil e os brasileiros. Cada dia que passa é, literalmente, um dia a menos. Preocupada, a sociedade agora luta contra o pior porque sabe que “o tempo não para”.

“Reação, já!” é o único grito que importa e são muitos os motivos para crermos que invertemos o jogo. A narrativa que prevalece, fator tão importante na guerra de propaganda, é a da revolta contra medidas que resgatam a escravidão e lançam à própria sorte os trabalhadores, verdadeiros motores da economia nacional.

A falta de adesão aos movimentos sem sentindo do MBL e assemelhados, por exemplo, representa uma dura resposta de uma camada da sociedade que se viu enganada e traída pela falácia do combate à corrupção. Há vídeos surpreendentes de pessoas que até recentemente estavam do “lado de lá” e que agora revelam preocupação com a perda dos direitos sociais e do trabalhador.

Movimentos Sociais, Partidos Progressistas, Centrais Sindicais e outras frentes de resistência são agora vistas como a bússola. A maioria quer gritar contra a pauta do retrocesso. O povo demorou a perceber o que realmente ocorreu. Atônito, foi visto até como omisso por alguns setores mais esclarecidos. Era difícil lutar contra a palavra dos “especialistas” que mentiam diariamente na TV, rádio, internet, jornais e revistas. A promessa da Globo e dos seus tentáculos era de um Brasil perfeito após a queda de Dilma.

Se é verdade que a lentidão para iniciar os protestos parecia um atestado de que a sociedade estava disposta a ignorar o fato de que o terror do golpe é ininterrupto, também é verdade que o crescente desejo de barrar o (des)governo Temer começa a preocupar alguns políticos que fizeram parte da tramóia que violentou a Constituição. Temer derrete e por isso quer acelerar o próprio relógio.

A grande contradição das frentes de oposição residia em trabalhar como se houvesse normalidade das instituições e ao mesmo tempo denunciar o golpe. Agora, com a adesão popular cada vez maior, está claro que golpe é golpe! Todos sabem quem é quem neste circo dos horrores. Está claro para a maioria que a agenda do golpe é um desequilíbrio de classes. É a farra do 1%.

O repúdio ao golpe também começa a ser ininterrupto. O mês de março foi decisivo para consolidar o desejo, cada vez maior, que a sociedade tem de impedir o avanço da agenda neoliberal. Os cidadãos, sobretudo as mulheres e os jovens, que mais sofrem as consequências do golpe, engrossm o coro das ruas na luta contra o desmonte do Brasil e do estado social.

As pessoas que não acompanham muito a política começam a perceber mais facilmente os danos ao Brasil e ao seu povo a cada votação ou a cada “canetada” de um presidente fraco e visivelmente manobrado pelos patrocinadores do assassinato da Constituição. Por isso, crescem os movimentos de resistência.

As convocações feitas para manifestações contra o (des)governo Temer ganham mais e mais apoio do povo. Nas redes sociais e no debate em torno da necessidade de impedir o avanço do golpe há um sentimento comum de que é a hora de ocupar as ruas para evitar o pior. Tudo isso sem o apoio da velha imprensa.

A turma do golpe agora é vista como realmente é. Pessoas que até recentemente apoiavam o impeachment de Dilma Rousseff perceberam que foram enganadas por uma propaganda falsa. Agora todos sabem que eram os corruptos que gritavam contra a corrupção e que aquele era o único caminho para chegarem ao poder e não serem apanhados.

O relógio é o mesmo para todos, mas as motivações são diferentes. A hora é de luta, pois o que está em risco são os direitos trabalhistas, previdenciários e o estado social como um todo. O povo está disposto a reagir. Manifestações e Greve Geral são as armas escolhidas e vistas como as mais eficientes contra a máquina de moer direitos que foi ligada no pós-golpe. O povo “faz a hora, não espera acontecer”.




Economista da UFRJ estima que Lava Jato destruiu 4 milhões de empregos


Quantos empregos custa a Lava Jato?

por João Sicsú, na Carta Capital
Publicado 27/03/2017 17h00

Da queda do PIB de 3,8% em 2015 e de 3,6% em 2016, estima-se que a operação é responsável por entre 2 e 2,5 pontos percentuais negativos

A economia brasileira teve agudo desemprego em 2015 e 2016. Os principais motivos foram as políticas econômicas equivocadas e os efeitos malignos da operação Lava Jato. Hoje, temos mais que 12 milhões de desempregados, segundo o IBGE.

A queda abrupta das atividades da Petrobras e das empreiteiras envolvidas pela operação, nos últimos anos, fechou direta ou indiretamente inúmeros postos de trabalho na indústria e na construção civil. São quase 3 milhões de trabalhadores demitidos nesses dois setores, em 2015 e 2016

Algumas consultorias divulgaram estudos que avaliam que do resultado negativo do PIB de 3,8% em 2015 e de 3,6% em 2016, estima-se que a operação é responsável por entre 2 e 2,5 pontos percentuais da queda de cada ano. Em outras palavras, se não fosse a Lava Jato, a recessão de cada ano teria sido algo em torno de 1,5%.

A Petrobras faz investimentos que representam 2% do PIB e o conjunto das empreiteiras envolvidas pela operação fazem investimentos da ordem de 2,8% do PIB. A influência dessas empresas sobre o resultado econômico global é significativo. Os investimentos como proporção do PIB que já alcançaram 19,5%, em 2010; hoje estão em 16,4%.

É preciso separar os efeitos da Lava Jato sobre o desemprego daqueles decorrentes das políticas inadequadas de ajuste fiscal e de outros vetores. É importante quantificar a magnitude do desemprego causado exclusivamente pelos efeitos malignos da operação.

A Lava Jato não causou somente efeitos malignos diretos, tais como na empreiteira OAS que tinha 120 mil trabalhadores e, hoje, tem 30 mil, ou sobre a Engevix, que tinha 20 mil empregados e, agora, possui somente 3 mil. Nem causou efeitos negativos somente reduzindo a oferta de vagas de trabalho na construção civil e na indústria.

Os efeitos da Lava Jato começam nas empresas envolvidas pela operação, mas se espalham por toda a economia chegando até o mercado informal de trabalho (por exemplo, quando o desempregado egresso da OAS dispensa os trabalhos da sua diarista). Excluindo os efeitos econômicos negativos da operação, podem ser feitas as seguintes estimativas:

1) A taxa de desemprego no fim de 2016 não teria sido 12%, mas estaria entre 8 e 9%.

2) O número de desempregados, em dezembro de 2016, não teria sido de 12,3 milhões de trabalhadores, mas seria algo entre 8 e 9 milhões.

3) Portanto, os efeitos negativos da operação Lava Jato podem explicar o desemprego de cerca de 3 a 4 milhões de trabalhadores.

* Professor do Instituto de Economia da UFRJ, foi diretor de Políticas e Estudos Macroeconômicos do IPEA entre 2007 e 2011.




Mudança de Ventos na Paulista


(Av. Paulista nas últimas manifestações da esquerda e da direita)

Por Pedro Breier, colunista do Cafezinho

“Política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou”.

Esta frase é de Magalhães Pinto, político mineiro que apoiou o golpe de 1964. Apesar de ter se tornado um clichê na política nacional – e de ter sido cunhada por um golpista -, os últimos acontecimentos políticos atestam a sua veracidade.

Depois de realizar fortes manifestações de rua, derrubar a presidenta eleita e passar a ter controle total sobre o executivo e o legislativo (mídia e judiciário são os redutos da direita por excelência – não por acaso, os poderes não sujeitos ao voto popular), estava difícil vislumbrar qualquer empecilho, ao menos no curto prazo, à hegemonia conservadora no Brasil.

Pois o dia 15 de março, quando trabalhadores de diversas categorias pararam e fizeram grandes atos contra a reforma da previdência por todo o Brasil, parece ter sido um ponto de inflexão.

A forte adesão aos atos e o apoio da população à pauta do combate à reforma da previdência surpreendeu a todos, inclusive à própria esquerda.

A resposta do governo Temer foi a aprovação, na Câmara, do projeto que libera a terceirização para todas as atividades de uma empresa. O objetivo foi também testar a força da base do governo para a votação da reforma da previdência.

Parece ter sido um glorioso (duplo) tiro no pé.

O governo mostrou fraqueza ao alcançar apenas 231 votos na votação, 77 votos aquém do necessário para aprovar uma emenda à constituição, como terá que fazer na questão da previdência.

Além disso, irritou ainda mais os trabalhadores. 31 de março, próxima sexta, será mais um dia de atos contra os ataques do governo Temer. A data é uma preparação para o dia 28 de abril, quando haverá um novo dia de paralisação nacional, conforme decidido hoje em reunião das centrais sindicais.

A insana reforma da previdência de Temer é como uma injeção de adrenalina que vai tirando a população do torpor no qual está imersa por obra da grande mídia.

Os congressistas sofrem pressão das suas bases. As centrais sindicais sofrem pressão das bases dos sindicatos para que seja convocada uma greve geral.

O retumbante fracasso das manifestações convocadas por MBL, Vem Pra Rua e congêneres, ontem, é mais um indício de que os ventos da política brasileira estão mudando de direção.

Guilherme Boulos explicou, na última sexta-feira, em palestra realizada no 8º congresso do sindicato dos servidores do judiciário federal de São Paulo (Sintrajud), por que é possível derrotar a reforma da previdência no Congresso.

Michel Temer não tem perspectiva alguma de concorrer na eleição de 2018. Por isso mesmo não tem nenhum freio na hora de aplicar a sua agenda de ataques às trabalhadoras e trabalhadores.

Os deputados, ao contrário, têm sempre a próxima eleição no horizonte. Quanto mais atrasado o cronograma (a votação já foi adiada do fim de março para o fim de abril), mais complicado fica para o governo convencê-los a aprovar algo tão profundamente impopular como a reforma.

A conjuntura nunca esteve tão desfavorável para o consórcio golpista.




Passando o Cabo das Tormentas!


O Cafezinho segue firme e forte neste momento tão difícil da vida brasileira. E agora temos um pouco mais de esperanças de que iremos ultrapassar, mais breve do que imaginávamos, o cabo das tormentas, e repôr o Brasil em seus trilhos.

Talvez demore um pouco, mas o importante é que muitas nuvens que nos atormentavam começam a se dissipar.

O golpe de 2016 se desmoraliza cada vez mais.

Seus protagonistas, sem nada de positivo ou construtivo para apresentar à população, insistem em demonstrações de força. Na falta de competência para propor soluções criativas para sairmos da crise, apostam na humilhação dos adversários. A Lava Jato, com sua brutalidade costumeira, invadiu as dependências do TSE e tomou conta do processo. A operação despejou um monte de “delatores” em suas portas, cuidadosamente coagidos pelo Ministério Público, através de sinistras ameaças de prisões por tempo indeterminado, destruição econômica e entrega às autoridades norte-americanas…

O que eles pensavam ser um factoide em prol da consolidação da narrativa do golpe, porém, produzirá o efeito contrário. Irá evidenciar ainda mais a simbiose entre a covardia do judiciário e o mau caratismo da mídia.

Os ministros do TSE estão sendo ameaçados e corrompidos à luz do dia pelo consórcio golpista. Ao relator do processo no TSE, Herman Benjamin, prometeu-se uma indicação ao STF. À ministra Luciana Lóssio, uma vaga no STJ. Com um pouco de bajulação aqui e ameaças acolá, além de muitos vazamentos seletivos e escandalosos, a mídia já conseguiu produzir o clima necessário para a cassação de uma chapa já morta pelo impeachment. Possivelmente, porém, Michel Temer será poupado. Mas se não o for, dá na mesma, visto que o Brasil já está sendo governado pelo PSDB, sob chancela da mídia e do judiciário.

A economia ainda vai muito mal. As trapalhadas da Polícia Federal no caso da operação “Carne Fraca”, liderada pelo mesmo núcleo de delegados da Lava Jato, enterrou de vez qualquer veleidade da corporação de ganhar “autonomia”.

Os golpistas agem como bárbaros que tivessem derrubado as muralhas de uma cidadela a qual desejassem saquear há muitos anos.

A Lava Jato foi fundamental para a situação atual. Ao debilitar as organizações de esquerda, ela deixou a população desarmada e sem lideranças, vulnerável ao ataque dos representantes da oligarquia mais retrógrada do planeta.

A consciência política, porém, avançou. As manifestações coxinhas murcharam e os protestos populares estão crescendo.

Lula disparou nas pesquisas, enquanto os candidatos tucanos descem a ladeira das intenções de voto, presos à impopularidade crescente de Michel Temer.

Se o governo é ilegítimo, todas as ações poderão ser anuladas no futuro.

Os blogueiros, por sua vez, e todas as mídias alternativas, nunca foram tão importantes, por causa de seu jornalismo crítico ao poder.

A grande mídia afunda junto com o governo golpista, tentando sobreviver às custas do erário.

O fracasso moral e político do golpe pode levar seus protagonistas a intensificarem a repressão, mas eles não usarão apenas a repressão violenta, que sabem ser contraproducente em alguns casos. A sua violência preferida é o ataque moral, através da manipulação do processo judicial, como vimos no caso do blogueiro Eduardo Guimarães. Eles intimidam e humilham. É o modus operandi do regime de exceção instaurado.

Outra frente de ataque do regime de exceção é a asfixia financeira. O consórcio golpista dá a impressão que deseja matar qualquer resistência impondo uma crise econômica devastadora, ao mesmo tempo que o governo torra quantidades recordes de verba pública na mídia corporativa.

Nesse cenário apocalíptico, o Cafezinho resiste.

A audiência do blog continua crescendo. Nos últimos seis dias, o blog registrou mais de 700 mil visualizações. A fanpage está batendo recordes incríveis: em sete dias, obteve alcances superiores a 14 milhões de pessoas.

Nossas finanças estão apertadas, como de quase todo mundo. A economia ruim assusta aos internautas, que priorizam, naturalmente, despesas essenciais.

Em função do cenário apertado, reduzimos drasticamente nossa meta de arrecadação para o Crowdfunding Trimestral do período Jan/Mar.

E agora falta pouco para conseguirmos atingir a meta e seguir em frente.

Lembre-se que qualquer valor investido no Cafezinho é convertido automaticamente em títulos de publicidade, que você poderá resgatar quatro semestres após o investimento.

Abaixo, publicamos um diagrama, com alguns de nossos projetos e explicações sobre o uso que o internauta poderá fazer de seus títulos de publicidade.

Da nossa meta trimestral de R$ 28 mil, faltam pouco mais de R$ 7 mil.

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PSDB quer que TSE puna só Dilma e alivie Temer


Logo depois das eleições, o PSDB entrou na Justiça Eleitoral contra Dilma Rousseff e Michel Temer, sem discriminação, por não aceitar o resultado eleitoral.

Agora, nas alegações finais, diz que é só contra Dilma, que Temer é boa gente, segundo dizem os advogados de Aécio Neves:

“O presidente Michel Temer não deve ser penalizado por não ter realizado “qualquer prática ilícita” mesmo integrando a chapa de Dilma. “Ao cabo da instrução destes processos não se constatou em nenhum momento o envolvimento do segundo representado (Michel Temer) em qualquer prática ilícita. Já em relação à primeira representada (Dilma Rousseff), há comprovação cabal de sua responsabilidade pelos abusos ocorridos.

Enfiado até a medula no Governo Temer, os tucanos trocam o papel de acusadores pelo de juiz e decidem que não há “qualquer prática ilícita” daquele que acusaram dois anos atrás .

É despudorado, escancarado, o “fatiamento” oportunista.

Só que não tem jeito, o processo se tornará escandaloso se separado.

Seria algo como dizer que Temer herdou um governo que se elegeu ilegalmente, mas tadinho, não tem culpa, o povo votou nele independentemente do voto m Dilma.

As massas gritavam: Michel, Michel, Michel!

Não sabem o que fazer com o abismo que cavaram, como na Lava Jato.





Trabalho escravo no DF
Associação de agricultores e comissão parlamentar acusaram, em 2005, empresa de escravizar operários em núcleo rural do Gama, onde até mão-de-obra infantil era explorada


Domingos Batista de Souza, de 64 anos, está cego. Nicanor Machado da Silva, 74, enxerga apenas com o olho direito. Aos 55 anos, Vespasiano Ribeiro dos Santos é outro que não pode mais trabalhar devido à debilidade do estado de saúde. Além da perda da visão, atribuída ao trabalho, eles carregam outra marca. Os três afirmam que foram vítimas de trabalho escravo a 40 quilômetros de Brasília. Acusam o arrendatário de uma fazenda no Núcleo Rural Ponte Alta, no Gama, de maltratá-los durante os anos em que trabalharam em uma olaria que funcionava até 1994 na propriedade rural.

De acordo com os funcionários, o pagamento da jornada semanal de mais de 20 horas por dia era feito em vales. Mercearias e dois supermercados do Gama recebiam o papel branco, com a assinatura do patrão, em troca de mercadorias. Esses estabelecimentos não existem mais.

Em 1994, a fábrica foi fechada. Desde então, 16 famílias lutam na Justiça. Mas temem pela vida. "Eles são ameaçados de morte pelo dono", acusa Erika Kokai, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos, Cidadania, Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Legislativa do DF.

A denúncia chegou a ela em julho deste ano. Na ocasião, uma comissão formada pela Associação dos Trabalhadores na Agricultura (Atagg-DF) e pela Comissão dos Direitos Humanos da Câmara Legislativa vistoriou a Fazenda Tamanduá, onde funcionou a olaria denominada Cerâmica Santa Maria Indústria e Comércio Ltda., de propriedade de Gilmar Luiz Borges. Segundo o relatório da inspeção, foram constatadas várias irregularidades.

Arrendatário se declara inocente

O procurador regional do Trabalho Alessandro Santos de Miranda e a secretária de Articulação do Fórum dos Direitos da Criança e do Adolescente, Milda Moraes, acompanharam ontem uma nova visita da Comissão dos Direitos Humanos da Câmara Legislativa e Atagg à Fazenda Tamanduá. Além de denúncias de trabalho operário escravo, eles foram verificar a existência de outro tipo de crime de que se tem notícia na propriedade: o trabalho infantil. Mas não houve flagrante.

O arrendatário da terra, Gilmar Luiz Borges, foi à fazenda no final da manhã, acompanhado da mulher, Francinete. Ao procurador, negou as acusações. Disse que depois que a empresa fechou as portas os operários nunca mais trabalharam para ele. Solicitado a apresentar documentos que comprovassem a afirmação, pediu prazo. "Tenho como provar. Sempre os paguei (os operários) com dinheiro", disse. O procurador Alessandro Santos determinou que em 24 horas ele apresente a documentação à Procuradoria Regional do Trabalho. "Se se comprovar que eles continuaram trabalhando para o mesmo dono da fazenda depois do fechamento da empresa, que adotou outra atividade econômica, caberá uma ação civil pública ou até mesmo ações individuais, que vão garantir o recebimento de indenização", explicou o procurador. "O fato de eles serem obrigados a gastar o pagamento no supermercado indicado pelo patrão pode caracterizar no trabalho escravo. Mas compete ao Ministério Público investigar", acrescentou. A denúncia foi encaminhada ao MPDFT.

Pagamento em vales 

Domingos Batista e Nicanor Machado afirmam ter contraído a deficiência visual durante o tempo em que trabalharam na olaria. "Eu tinha um problema nas vistas. Uma vez, fui juntar palha e aquela poeira vinha no meu rosto. À noite, eu não dormia. Daí para cá fui perdendo a visão", afirma Domingos. Ele começou a trabalhar na olaria em 1970. Diz que nunca recebeu salário. O pagamento era em forma de vales, que descontavam em supermercado indicado pelo patrão. "Dava mal para comprar uma caixa de ovos. Já passei fome aqui", conta. Os vales foram suspensos quando o negócio fechou. Porém, Domingos continuou trabalhando sem ser remunerado, conforme denunciou. "No ano passado eu parei de trabalhar porque não recebia nada. A partir de então, ele (o patrão) passou a me perseguir", disse.

Nicanor Machado assegura ter recebido de Gilmar a promessa de que seria o único a permanecer na fazenda depois que a olaria foi fechada, desde que trabalhasse de graça. Com o surgimento da deficiência em seu olho esquerdo, porém, o patrão teria mudado de idéia, dispensando-o em 2002, sem acerto financeiro.

Segundo Nicanor, por ter se recusado a sair da casa simples que ocupa desde 1977, o proprietário passou a retaliá-lo. Desempregado, ele vive hoje da ajuda dos filhos. Outras famílias que estão na Fazenda Tamanduá também reclamam. Mauro Lúcio dos Santos, 35, tem um filho menor e acusa o antigo patrão de explorar o menino. "Ele deixava de ir para o colégio e ficava recolhendo adubo. Recebia dez centavos por saco (de adubo)".