Em todos os jornais, as desbragadas negociações para descriminalizar o “caixa 2”, inclusive com a indecorosa participação pessoal de Gilmar Mendes em reuniões com políticos acusados dentro e fora do “listão” da Odebrecht e, amanhã, com a entrada, de corpo presente, de Michel Temer no embrulho.
A declaração de Emílio Odebrecht de que é assim desde do tempo do pai dele, nos anos 50, tem tanta repercussão, claro, apenas porque é verdade.
Resta saber, como resume genialmente na charge o Laerte, se o tratamento de umas pode ser diferente do de outras doações.
Ironicamente, o único caso onde mesmo esta interpretação não resolve nada é no processo de cassação da chapa presidencial – e, na prática, hoje, apenas de Temer – no TSE.
A descriminalização penal do “Caixa 2”, se invocada como necessidade de preservação do sistema político, não vai descaracterizar o abuso de poder econômico no processo eleitoral.
E mais difícil ainda é pretender, depois de meses a fio de criação de uma “geléia geral” do financiamento das campanhas políticas, que, como diz o popular, “uma coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa”.
O problema da hipocrisia é a hora em que ela tem de tirar a fantasia e ficar”pelada”.