segunda-feira, 8 de maio de 2017

Bens de Lula são "milhares de cartas do povo", não uma "ferrari", diz Okamotto


Jornal GGN - Em audiência na Justiça Federal em Curitiba, na quarta-feira (4), Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula, explicou ao juiz Sergio Moro e aos procuradores da Lava Jato como se deu o "apoio cultural" da OAS, então comandada por Leo Pinheiro, à manutenção do acervo do ex-presidente Lula.

Okamotto começou seu depoimento denotando que a Lava Jato e a grande mídia fazem parecer que Lula mantém guardado um veículo de luxo do tipo "ferrari", quando, na verdade, a grande parte dos bens acumulados pelo petista no período em que esteve na Presidência da República é formada por "cartas do povo brasileiro", agradecendo pelos programas criados no governo do PT, criticando outras ações e sugerindo ideias. "Isso não fez parte de nenhuma acerto [de propina entre PT e OAS]", assegurou Okamotto. "Foi uma contribuição de uma empresa em apoio a Lula", disse a Moro.

O dirigente afirmou que, por conta da repercussão negativa forjada em torno do acerco - que precisou de 11 caminhões para deixar a sede do governo em Brasília - Lula, às vezes, "brinca que aquilo lá são tralhas, mas não são". Para Okamotto, os bens da presidência têm importância histórica e um dos papéis do Instituto Lula, criminalizado pela Lava Jato, é justamente cuidar para que todo o material seja conservado.

Okamotto explicou, então, que procurou a Granero em meados de 2011, para orçar o armazenamento do acervo. Quando apurou que ficaria em torno de R$ 25 mil, percebeu que precisaria procurar uma empresa para arcar com a despesa como "apoio cultural". Ele disse que encontrou com Pinheiro em uma das visitas do ex-OAS ao recém criado Instituto Lula, e perguntou se a empreiteira não teria um "depósito" para guardar o acervo provisóriamente, enquanto um novo espaço não era locado.

Segundo Okamotto, Leo Pinheiro disse que não tinha um depósito, mas foi informado de que, àquela época, a Granero já havia sido contata para cuidar de parte do acervo em Brasília. O empresário, então, disse que poderia verificar o custeio dessa despesa porque a OAS já tinha negócios com a Granero. Foi quando o contrato foi feito diretamente entre as duas empresas, sem que os recursos - pouco mais de R$ 1 milhão, no total - tenham passado pelo caixa do Instituto Lula.

O presidente do Instituto ainda explicou que, em 2015, com a Lava Jato em voga, a Granero rescindiu unilateralmente o contrato e, aí, o acervo foi direcionado ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Era para isso ter ocorrido em 2012, porém, a sede do Sindicato não tinha espaço, àquela época, para abrigar o volume exorbitante de material acumulado por Lula. Com uma reforma concluída em 2015, a situação mudou.


"Acho importante e ficou claro que o apoio que o OAS deu foi eminentemente cultural e não teve troca de coisa nenhuma", endossou Okamotto ao final de seu depoimento.