terça-feira, 23 de maio de 2017

Sem o voto popular, a crise segue e a democracia morre



Estamos assistindo, já quase sem retoques, o retrato do que a selvageria que passou a marcar a elite brasileira foi capaz de fazer ao Brasil.

O mercadismo voraz, os políticos agarrados ao dinheiro (com garras pessoais ou eleitorais), os partidos entregues a aventureiros ou a ressentidos, a trinca Polícia-MP-Judiciário salivando por exercer ferozmente seu poder e, como fole desta fornalha infernal, um oligopólio de mídia a funcionar como os que gritam e urram diante de um linchamento.

O resultado do que fizeram é um país arruinado, submisso, desesperançado, onde o que resta de vitalidade é desperdiçado em ódios.

O Estado policial e a festa das imposições do mercado e da mídia que estamos vivendo há mais de dois anos nos legaram este cenário devastado.

Não há imperativo moral mais forte do que preservar a vida humana e sua dignidade. É este, mais do que qualquer outro, o que está sendo violado.

Esta violação só pode ser revertida pela entrega aos cidadãos brasileiros, sem reservas ou vetos, o direito de decidir o que quer para seu país.

A alegação de que não se pode convocar eleições diretas pois não é isso que prevê a Constituição é pífia e de má-fé. Basta olhar o que se faz, neste justo momento, para mudar a Constituição para retirar direitos.

Então, o texto constitucional pode ser mudado para tirar das pessoas e não pode para dar a elas o mais sagrado direito da democracia, o de eleger seus governantes?

Como pode ser ilegítimo cumprir o que é a vontade esmagadora dos brasileiros. O Datafolha de antes do último escândalo, apontava 85% e será que hoje já não são 90 ou 95% os que querem escolher quem nos governará?

Nenhum poder está acima da vontade popular, exceto o de causar lesões a direitos e, na situação que temos hoje, nem mesmo há mandatos a serem preservados.

O que Dilma recebeu pelo voto foi cassado pelo Congresso; o que Temer usurpou, cassado pelos fatos.

O Brasil precisa voltar a ter um governo e só terá um governo capaz de equilibrar os poderes, a economia e o convívio entre os brasileiros.

Só o voto direto pode encerrar esta aventura desastrosa que nos impuseram.

Qualquer outra solução será apenas um novo e trágico capítulo na destruição da vida dos brasileiros.

E a porta escancarada para o autoritarismo e a perda das liberdades.