quinta-feira, 11 de maio de 2017

Moro incluiu acusação de que Lula comandou toda corrupção da Petrobras


Jornal GGN - Sem fazer parte dos autos da denúncia no caso triplex no Guarujá, o juiz Sérgio Moro tentou acrescentar contra Lula uma suposta acusação de que o ex-presidente teria conhecimento e participação em todo o esquema de corrupção que vitimou a Petrobras, incluindo em acusações da Lava Jato alheias em contexto e personagens à Lula. 

"Tem duas partes. Uma primeira parte o Ministério Público argumenta que o senhor teria conhecimento e participação em um esquema de corrupção que teria vitimado a Petrobras, com divisão de propinas entre diretores da Petrobras e agentes políticos", introduziu Moro.

O advogado interrompeu: "a defesa do ex-presidente Lula não reconhece como objeto desta ação essa primeira parte da fala de vossa Excelência, porque esse afirmado esquema de corrupção, data máxima venia, é objeto de inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal. Então o objeto da denúncia, a acusação que consta na denúncia e é daquilo que o réu se defende, diz respeito a três contratos firmados entre a OAS e a Petrobras e a um apartamento triplex no Guarujá".


"Certo, mas é uma questão colocada na denúncia que o senhor ex-presidente teria conhecimento e participação desse esquema criminoso, relacionando essas propinas a questão do dolo a que ele está envolvido", respondeu Moro. "Só respeitosamente gostaria de esclarecer à vossa Excelência e ao Ministério Público a posição da defesa, porque insisto, há um inquérito instaurado no Supremo Tribunal Federal a pedido do Procurador-Geral da República que trata desta fala inicial de vossa Excelência". "Fica consignado o seu ponto, vamos iniciar as perguntas", terminou Moro.

O trecho pode ser acompanhado entre 09:03 e 10:33:

'QUEM FAZ ACUSAÇÃO NÃO É O JUIZ'

No início da sessão, o juiz Sergio Moro disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seria tratado com o "máximo respeito, como qualquer acusado e igualmente pela condição no cargo que o senhor ocupou no passado", que a audiência era um "ato normal do processo" e que ele "não tem qualquer desavença pessoal em relação ao senhor ex-presidente".

"O que vai determinar o resultado deste processo, ao final, são as provas que serão colecionadas e a lei", disse Moro, no intento de rebater os indicativos de imparcialidade. "Também vou deixar claro que quem faz a acusação neste processo é o Ministério Público e não o juiz. Eu estou a ouvido para proferir um julgamento ao final do processo", continuou.

Sobre as informações aventadas por diversos jornais nos últimos dias, de que Lula seria preso em sua visita à audiência em Curitiba, no Paraná, Moro disse que "são boatos, que não tem qualquer fundamento". "Mas eu já tinha consciência disso", disse Lula.

Mas, contraditoriamente ao que foi dito, Moro antecipou uma pré-defesa à parte acusatória, a dos procuradores da República, afirmando que poderiam ser feitas "perguntas difíceis" que não indicam que necessariamente sejam verdades, mas que têm o objetivo de esclarecer. "Não tem pergunta difícil para quem só quer falar a verdade", respondeu Lula. "Eu estou colocando apenas porque podem ser mal interpretadas algumas perguntas que podem ser feitas por mim, pelo Ministério Público", disse e, percebendo que se auto-incluiu na parte acusatório, acrescentou: "como pelos seus próprios defensores."

MÁXIMO RESPEITO?

Ainda antes de começar o interrogatório, o advogado do ex-presidente, Cristiano Zanin Martins, teve que solicitar novamente a retirada do nome de dona Marisa Letícia das atas do processo do caso triplex, uma vez que o nome da esposa de Lula ainda aparece no sistema eletrônico da Justiça Federal como réu.

Em seguida, os advogados presentes, inclusive da OAB, pediram novamente que o juiz Sergio Moro reveja sua decisão de proibir a entrada de telefones celulares, alertando que o próprio Ministério Público Federal (MPF) ali presente estava com computador. Moro negou os pedidos e manteve o notebook do procurador da República.